Pesquisas acadêmicas nos centros de atendimento à fauna silvestre (Cetras)

Os centros de triagem e de reabilitação de animais silvestres (Cetras) possuem a finalidade de receber, identificar, marcar, triar, avaliar, recuperar, reabilitar e destinar os animais silvestres oriundos de apreensões, resgates ou entregas espontâneas. Além disso, podem também subsidiar pesquisas científicas, ensino e extensão.

Em 2021, os estudantes de Ciências Biológicas e Medicina Veterinária que participam do Programa de Voluntariado do Cetas da prefeitura de Catalão (GO) desenvolveram pesquisas científicas relacionadas ao bem-estar e ao comportamento animal, como também sobre aspectos bioquímicos e hematológicos dos tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) que se encontram em reabilitação no centro.

No processo de reabilitação, o bem-estar animal é fundamental para que haja mais possibilidades de retorno à natureza, reduzindo estresse e evitando comportamentos estereotipados. Para isso, as técnicas de enriquecimento ambiental são ferramentas funcionais que auxiliam nesse processo, além de promover estímulos cognitivos e motores, reduzindo o período da ociosidade nos recintos.

Os graduandos de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Catalão (UFCAT) dedicaram-se ao planejamento, elaboração e aplicação de enriquecimentos, além de avaliarem os comportamentos dos animais com a inclusão de itens no ambiente e/ou alterações na alimentação. Os resultados dos trabalhos desenvolvidos foram publicados na edição de anais do evento para o qual foram enviados.

Um graduando de Medicina Veterinária da Universidade de Brasília (UnB) desenvolveu o seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) no Cetas. Sua pesquisa tinha como objetivo a avaliação hematológica e bioquímica dos tamanduás-bandeira em reabilitação. Os resultados dos exames laboratoriais nos auxiliaram nos cuidados com a saúde dos espécimes.

Devido à rotina intensa de atividades nos Cetras e a corpo técnico e verbas reduzidas, as pesquisas nem sempre são realizadas, ocasionando perda de dados valiosos. Pela frequência de encaminhamentos de espécies diversas, informações referentes aos animais de vida livre podem contribuir com o manejo em cativeiro. Além disso, os graduandos têm a oportunidade de desenvolver estudos e práticas que auxiliam na sua formação, bem como para a conservação e manutenção de espécies, especialmente as que infelizmente não podem retornar à natureza.

(Texto: Por Bruna Almeida – Bióloga e coordenadora do Projeto Reabilitação de Fauna Silvestre e das atividades de educação ambiental no Centro de Triagem de Animais Silvestres de Catalão (GO) – Fonte: Fauna News)