Futebol goiano reage de forma contrária à lei que exige biometria e monitoramento

Clubes e FGF dizem que não conseguem se adequar às exigências. Prazo deve ser estipulado.

Uma lei sancionada pelo governador Ronaldo Caiado, que exige identificação biométrica e monitoramento por imagens nos estádios goianos com capacidade superior a 10 mil torcedores, surpreendeu clubes, federação e administradores de praças esportivas a 11 dias do início do Campeonato Goiano. Para a maior parte dos envolvidos, é impossível a adaptação para o Estadual deste ano.

Como não prevê sanção em caso de descumprimento e houve reação por parte dos agentes envolvidos no Estadual, a lei não deve ter efeitos práticos no Goianão, que começa no dia 19 – clubes goianos também disputam competições nacionais a partir de fevereiro. “É impossível cumprir isso para o Campeonato Goiano. Nessas condições, teríamos vários estádios impedidos. Mesmo que se dê um prazo, é difícil viabilizar”, disse o presidente da Federação Goiana de Futebol (FGF), André Pitta, que nesta terça-feira (8) deve se reunir com a Casa Civil para tratar do assunto.

Uma saída seria estabelecer um prazo para que todos se adaptem. O governo é favorável. Secretário de Esporte, Rafael Rahif propõe o que chama de “regime de transição”. “O objetivo da lei é nobre, interessante, importante. Mas vamos ver a possibilidade de estabelecer um período de adequação. Tem de considerar a realidade dos estádios goianos”, comentou Rafael Rahif.

Por meio de nota, a Casa Civil explicou que “a lei estadual não inova sobre o tema” porque “a obrigação de identificação biométrica nos estádios foi estabelecida pela União” por meio do Estatuto do Torcedor. A pasta, no entanto, admite “que pode ser acordado um prazo para implementação das exigências”.

O presidente da FGF reforça que o Goianão não teria como ser realizado caso a lei fosse exigida imediatamente. “Tem de ser mais bem avaliado. O que me preocupa é que é uma lei que vai trazer custos para os municípios, para os estádios particulares e talvez não consiga atingir o objetivo esperado. Se não houver uma decisão que prorrogue ou alguma posição que resolva a questão, o campeonato não tem como ser realizado”, afirmou André Pitta.

A lei sancionada é resultado do projeto do deputado Charles Bento (PRTB). A matéria começou a tramitar em 2017 e foi votada e aprovada no segundo semestre do ano passado. O governador Ronaldo Caiado sancionou no dia 3 de janeiro, última quinta-feira.

Charles Bento disse que teve a ideia do projeto de lei em 2017, quando Vila Nova, clube para o qual torce, e Goiás foram punidos com perda de mandos de campo por causa de briga generalizada no Serra Dourada. “O prejuízo dos times é maior que um investimento desse”, afirmou o deputado, que não chegou a consultar clubes e administradores de estádio durante o debate sobre o projeto. “Tem de coibir as pessoas que entram para estragar o espetáculo.”

Fonte: O Popular

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