UFU registra mais de 20 relatos de importunação e assédio sexual em quatro meses; saiba como denunciar

Dados são da Comissão Permanente de Acompanhamento da Política Institucional de Valorização e Proteção das Mulheres (CPMulheres). PM direcionou o atendimento às vítimas ao 17º Batalhão da corporação. 

(Foto: Prefeitura Universitária/UFU)

A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) registrou 22 relatos de importunação e assédio sexual dentro dos campi da instituição no último semestre letivo, de maio a agosto de 2022. Os dados foram levantados pela Comissão Permanente de Acompanhamento da Política Institucional de Valorização e Proteção das Mulheres (CPMulheres) da UFU, a pedido do g1. Relembre alguns do casos e saiba como denunciar mais abaixo nesta matéria.

De acordo com a presidente da Comissão, a professora Neiva Flávia de Oliveira, esse número inclui desde as denúncias feitas por estudantes até pedidos de acolhimento em que a vítima optou por não avançar com o processo.

“Muitas mulheres se sentem culpadas da violência que sofrem. Por isso, o acolhimento é a fase inicial para que elas se fortaleçam e compreendam que a culpa é do autor da violência e que denunciar ou fazer a mediação, se assim quiserem, é muito importante”, afirmou a professora.

Com o início do novo semestre na última segunda-feira (26), a UFU anunciou medidas para facilitar a realização das denúncias. No dia 15 de setembro, a Polícia Militar divulgou um ofício em que esclarece que as vítimas de violência contra mulher dentro dos campi da UFU podem procurar 17º Batalhão da PM a qualquer momento para registrar o boletim de ocorrência.

A medida foi tomada depois que a CPMulheres procurou o Ministério Público Federal para tratar sobre a necessidade de reforçar o apoio às vítimas, principalmente, no período noturno.

“Agora, as mulheres podem se sentir mais seguras e orientadas, sabendo que o posto está também orientado para receber a denuncia delas. E, por ser 24 horas, ele coopera tanto para casos de crimes sexuais, dentro e fora dos campi, como em transporte coletivo e até relacionamentos abusivos ainda que ocorram em horários noturnos ou finais de semana, quando são mais comuns”, continuou Neiva Flávia.

Procurada pela reportagem para comentar sobre a parceria, a Polícia Militar afirmou que está aberta 24 horas por dia e que a unidade do 17º Batalhão é um dos pontos que registram ocorrências de crimes em qualquer horário, sem restrições.

“Lembramos ainda que o canal de atendimento de chamadas de urgência e emergências é o 190, que também está à disposição do cidadão 24 horas”, indicou a corporação.

Como denunciar

Segundo o prefeito universitário da UFU, João Jorge Ribeiro Damasceno, o primeiro passo para as vítimas serem atendidas dentro dos campi é acionar o “UFU Segura”, sistema de atendimento em segurança implantado em 2017. O chamado pode ser feito via WhatsApp e funciona nas quatro unidades da instituição em Uberlândia – Educação Física, Glória, Santa Mônica e Umuarama.

“Imediatamente, nós mandamos uma vigilância móvel ao local para tentar intermediar e inclusive, se for o caso, chamar a polícia”, explicou o prefeito.

O contato do UFU Segura é (34) 99996-4597 e está disponível de segunda a domingo, das 7h às 23h. Esse número não recebe ligações e deve ser usado somente para o envio de mensagens de texto ou voz.

Já os números para atendimento telefônico são (34) 3230-9509 (base Santa Mônica) e 3225-8031 (base Umuarama). Outra opção é acionar a CPMulheres pelo e-mail [email protected].

Caso a vítima deseje registrar um boletim de ocorrência, ela pode procurar a Polícia Militar, no 17º Batalhão da corporação, a qualquer hora do dia e da noite. A unidade fica na Avenida Ubiratan Honório de Castro, nº 291, no Bairro Santa Mônica.

Casos

Em 2022, vários casos de importunação e assédio sexual foram registrados nos campi da UFU. Em maio, um funcionário terceirizado foi preso por suspeita de importunação sexual no campus Monte Carmelo. De acordo com a ocorrência, o trabalhador, de 23 anos, exibiu o órgão genital para uma jovem de 20 anos, e em seguida se masturbou em frente a ela.

No mesmo mês, alunas que estavam no campus Umuarama da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) acusaram um homem de ter invadido o banheiro feminino de um dos blocos, filmado estudantes que estavam no local e se masturbado. Vídeos que mostram a confusão circularam nas redes sociais, e o suspeito fugiu.

Já em julho, foi registrada uma denúncia de estupro de vulnerável dentro do campus Educação Física. A vítima seria um homem de 33 anos com deficiência intelectual, que teria sido violentado por dois funcionários terceirizados da universidade. A Polícia Civil investigou o caso, e os dois suspeitos foram detidos.

Além disso, no último dia 13 de setembro, a UFU publicou no Diário Oficial da União a demissão de Douglas Santos Riff, que ocupava o cargo de professor no Instituto de Biologia, por “práticas de assédio moral e sexual em face de estudantes”. Na época, a advogada de defesa do docente disse que não se manifestaria devido ao fato de ser um assunto delicado que corre em segredo de Justiça.

Com informações G1 Goiás.

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