Secretário de Saúde de Pires do Rio manda vacinar contra Covid-19 a ‘mulher da vida dele’ e faz live para justificar ‘furada’ de fila

Em vídeo, ele pede perdão por ter cometido o erro e afirma que quis protegê-la porque ela o acompanha sempre. Cidade recebeu 280 doses para imunizar os grupos prioritários.

Secretário Assis Maria Silva e esposa — Foto: Reprodução/Facebook

Secretário de Saúde de Pires do Rio, no sudeste de Goiás, Assis Silva admitiu que vacinou a própria esposa contra a Covid-19 mesmo sem ela estar entre os grupos que devem ser priorizados nesta primeira fase da imunização. Após ser questionado pela atitude que tomou, ele fez um pronunciamento ao vivo pelas redes sociais pedindo desculpas pelo ato e justificando que o fez no intuito de protegê-la. Não foi divulgado se o próprio secretário recebeu uma dose da CoronaVac.

“Foi com intuito de resguardar e preservar a saúde e a vida da mulher da minha vida. Sou capaz de dar minha própria vida por ela”, afirmou.

Por meio de nota, a Prefeitura de Pires do Rio informou que “as devidas providências já estão sendo tomadas e que a apuração dos fatos já está sendo realizada”.

O Ministério Público informou que deu início a apuração preliminar sobre o caso e que “inicialmente o secretário será notificado para que apresente explicações no prazo de 10 dias”. “Caso comprovado o agente público poderá responder criminalmente e por ato de improbidade administrativa”.

Segundo diretrizes do Ministério da Saúde (MS) e da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), devem ser vacinados contra a Covid-19, com prioridade:

  • Profissionais da saúde;
  • Pessoas idosas residentes em instituições de longa permanência (institucionalizadas);
  • Pessoas a partir de 18 anos de idade com deficiência e residentes em Residências Inclusivas (institucionalizadas);
    População indígena vivendo em terras indígenas.

Segundo o próprio secretário, a esposa dele tem mais de 70 anos e o acompanha no trabalho que ele faz, visitando muitas vezes as unidades de saúde do município. No entanto, não está prevista a vacinação de pessoas idosas que não estejam institucionalizadas nesta primeira fase do programa de imunização da Covid-19.

Pelo menos outras duas cidades goianas registraram casos de “furada de fila”, em que pessoas que não estão nos quatro grupos prioritários são imunizadas: Mineiros e Santa Helena de Goiás, ambas no sudoeste goiano.

Em Santa Helena, a imunização de uma dentista causou revolta em moradores. Ela trabalha em clínica particular de odontologia e não pertence ao grupo prioritário definido pelo Ministério da Saúde.

Dentista posta foto ao receber dose da vacina contra o coronavírus em Santa Helena de Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

A subprocuradora-geral de Justiça do Ministério Público de Goiás, Laura Maria Ferreira, afirmou que o plano de imunização tem que ser cumprido e que, caso não haja cumprimento, o gestor pode ser punido.

“[Crimes] que podem ser tipificados como abuso de autoridade para o gestor, como a famosa ‘carteirada’. Isso não pode acontecer “, disse.

Na quinta-feira (21), a presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Goiás (Cosems), Verônica Savatim, falou sobre o risco de desrespeitar a lista de prioridades.

“As doses vieram específicas. […] O grande risco é você deixar de vacinar aquele grupo que ficou definido e vacinar outros que não estavam pactuados. O profissional de saúde, por exemplo, está muito exposto, independente de onde estiver”, pontuou.

*Com informações do G1 Goiás

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