Sebastião Salgado morre e deixa legado imortal na fotografia – Por Lucas Machado

Um silêncio que ecoa não apenas nos grandes jornais ou nas redes sociais, mas aqui, dentro de mim. Morreu Sebastião Salgado — fotógrafo, humanista, contador de histórias e, para mim, minha maior referência profissional.

Escrever sobre essa perda não é simples. Não é apenas um ídolo que se vai. É como perder um amigo, alguém que nunca me conheceu, mas que moldou o profissional — e o homem — que sou hoje. No meu local de trabalho, há uma foto feita por ele, monumental, autografada. Ela está ali todos os dias, como um lembrete silencioso do poder da imagem, da importância de olhar o outro com empatia, da responsabilidade de contar histórias com verdade.

Tantas exposições que vi e revi com olhos brilhando. A cada clique meu, há um pouco da forma como ele via o mundo. Sua coragem de caminhar por lugares difíceis, de colocar a câmera a serviço da dignidade humana, sempre me serviu como guia. E ainda serve.

Sebastião Salgado (Foto: Reprodução)

É impossível não pensar em sua trajetória: o economista que virou fotógrafo, o homem que rodou o mundo com os pés na lama e o olhar no horizonte. O fotógrafo da alma humana, como poucos foram. Seu preto e branco não era ausência de cor — era densidade, era verdade. Era a luz onde quase ninguém via.

A fotografia perde um de seus maiores. Mas quem aprendeu com Salgado sabe que a missão continua. Contar histórias, olhar com respeito, devolver a humanidade ao que é invisível para muitos.

Hoje, o luto é profundo. Mas também é um momento de gratidão. Obrigado, Sebastião Salgado, por mostrar que a câmera pode ser uma ponte — nunca uma barreira. Obrigado por inspirar não só meu trabalho, mas minha visão de mundo. Quando o mestre se vai, o discípulo continua. Seu legado é eterno.

Lucas Machado (Foto: Reprodução)