Produtores rurais relatam lentidão em atendimento para abastecimento de energia elétrica

Propriedades chegam a ficar dez dias sem luz em algumas regiões do Estado; Enel diz que está dobrando bases no interior

Equipe da Enel trabalha em linha de energia. (Foto: Divulgação/Enel)

O interior do Estado de Goiás tem reclamado e sofrido com o fornecimento de energia elétrica pela Enel Distribuição Goiás. Entre as queixas registradas pelo POPULAR estão queda constante de luz, demora para o restabelecimento da energia, postes e rede elétrica antigos, quadro de colaboradores reduzido e funcionários que não conhecem a região onde trabalham, especialmente na zona rural.

De acordo com a Associação Goiana dos Municípios (AGM), os prefeitos de Corumbá de Goiás, Cachoeira Alta, São Simão, Itaberaí, Goiás, Itapuranga, Inhumas, Itumbiara e Mineiros registraram reclamações a problemas de abastecimento de energia.

A Prefeitura de Itaberaí informou em nota que realizou reunião com representantes da Enel Goiás e com moradores e produtores rurais. Já o prefeito de Cachoeira Alta, Kelson Vilarinho (PSD), conta que a zona rural da cidade tem sofrido com quedas de energia que duram de cinco a dez dias. “Já fizemos várias reuniões com eles e a Enel tinha até passado um telefone onde os produtores de leite teriam um contato mais direto, mas não adiantou”, relata.

Vilarinho diz que o grande problema é a lentidão do atendimento. “Pagamos R$ 9,5 mil para poder retirar um poste aqui dentro da cidade, já faz mais de um mês e até agora nada. A mesma coisa acontece quando cai a luz. Ligamos e não conseguimos falar com ninguém. Quando conseguimos, eles enrolam.”

De acordo com o prefeito, a Enel retirou a regional que existia em Rio Verde. “Depois disso, ela teve que passar a dar conta de atender a capital e mais 50 municípios ao redor de Rio Verde”, relata.

Em nota, a Enel Distribuição Goiás informou que não retirou sua sede regional de Rio Verde e que mantém suas bases em Jataí e Catalão.

Zona rural

O proprietário de uma fazenda produtora de soja em Santa Cruz de Goiás, no Sudoeste do Estado, Gustavo Oliveira diz que na última semana ficou cinco dias sem energia. “Acabou na quinta-feira (14) e voltou só na segunda (18).” De acordo com ele, a comunicação com a Enel foi complexa e ineficiente. “Ligamos lá e ninguém dá um prazo de quando a energia vai voltar. Eles recomendam ligar para a ouvidoria. Quando ligamos, eles pedem 15 dias para dar um diagnóstico”, explica.

Segundo o produtor, a falta de luz afetou o plantio e a construção de um galpão. “A cada dia que minhas máquinas, funcionários e obras estão parados eu estou perdendo dinheiro. O que a gente não entende é como a distribuidora não se preparou para esse período chuvoso.”

Claudemir Schwening, que é proprietário de uma granja em Jataí, na região Sudoeste do Estado, conta que teve que adquirir um gerador devido ao grande número de quedas de energia. “Gastei R$ 10 mil, pois estava ficando direto de quatro a cinco dias sem eletricidade. Não é dizendo que o fornecimento de energia era bom antes, mas nunca foi tão ruim”, afirma. Segundo Claudemir, o prejuízo tem se estendido. “Gasto com o combustível para o gerador. Além disso, tem funcionário meu querendo pedir demissão, pois o trabalho é muito mais difícil sem luz”, compartilha.

José Fava, agricultor que trabalha com plantação de milho, conta que já perdeu 10% do seu faturamento devido a problemas em pivôs da fazenda que tem em Campo Alegre. “Tenho gerador, por isso não perdi mais. O problema da Enel é que ela está muito burocrática. O que antes levava 15 dias para resolver, agora está levando três meses. Os pedidos para novas ligações também estão demorando muito”, explica.

Estrutura

O vice-prefeito de Quirinópolis, Antônio José Pereira (MDB), que têm propriedades rurais em Cachoeira Alta e São Simão, diz que no início do mês ficou seis dias sem energia em uma de suas fazendas. “O problema é a falta de estrutura. As redes estão defasadas e velhas”, esclarece.

O avicultor Ricardo Oliveira, que tem uma propriedade com cerca de 400 mil frangos distribuídos em 16 galpões em Jataí, diz que grande parte do problema está nas equipes técnicas que prestam o atendimento. “Eles demitiram o pessoal antigo que trabalhava para a Celg. E essa turma nova não conhece bem as regiões que trabalham e também estão em equipes muito reduzidas. Isso complica demais a situação. Eu só não estou sofrendo tanto pois tenho geradores. Mesmo assim eles estão sobrecarregados”, relata.

Explicação

Em nota, a Enel Distribuição Goiás explicou que “está dobrando o número de bases operacionais em cidades do interior e utilizando helicópteros para agilizar a mobilização das equipes de atendimento de emergência.”

Informou ainda que opera em 37 postos regionais, sendo que em janeiro de 2020, mais 21 devem ser concluídos “contribuindo diretamente para a redução do tempo de deslocamento das equipes no interior do Estado” e que desde novembro o Estado tem enfrentado “um período chuvoso atípico, com fortes ventos e, principalmente, descargas atmosféricas, que afetam as estruturas do sistema elétrico.”

Com informações de O Popular

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