Prefeitura de Piracanjuba recebeu R$ 701 mil para exames que não teriam sido realizados

Um dos indícios de fraude é que a associação responsável pelo serviço teria declarado, em apenas um dia, que realizou seis exames de ressonância, a um custo total de R$ 2.800

Segundo a Polícia Civil, a ação teria se iniciado em maio deste ano e não foi interrompida (Foto: Divulgação/PC)

A prefeitura de Piracanjuba teria recebido R$ 701 mil, proveniente de uma emenda parlamentar, para realizar exames médicos como ressonância, P.S.A, ultrassom, tomografia e eletrocardiograma. No entanto, investigação da Polícia Civil aponta que o dinheiro foi repassado para a Instituição Casa Paixão Pela Vida, que não estaria realizando o serviço para o qual foi contratada. A suspeita é o centro da Operação Falso Exame, deflagrada nesta quarta (2), pela Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor).

A entidade sem fins lucrativos, como revelado pelo POPULAR, é gerida pela ex-candidata a prefeita de Piracanjuba, Ellen de Lima (PSB). A polícia suspeita que os exames não teriam sido realizados, porque a associação declarou que determinados pacientes teriam realizado inúmeros exames de uma mesma natureza, em um único dia.

A investigação cita como exemplo o fato de que, na tabela de faturamento do mês de julho apresentada pela investigada à Prefeitura, foi informado que uma paciente teria realizado, somente no dia 22 de julho, 6 exames de ressonância, a um custo total de R$ 2.800 de despesa ao erário municipal.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, a ação teria se iniciado em maio deste ano e não foi interrompida. No fim de cada mês, a entidade lança o faturamento das despesas à Prefeitura, que repassa a verba recebida pela emenda.

A polícia acrescenta que a Casa Paixão Pela Vida, em tese sem fins lucrativos, tornou-se sócia única de uma clínica, que também é alvo da operação, em dezembro. A empresa fica em Goiânia e é administrada por Ellen. Também há uma filial em Piracanjuba. Todos os quatro mandados de busca e apreensão foram cumpridos na entidade e nas sedes da clínica.

Defesa

Ao POPULAR, o advogado de Ellen, Jucene Estevão, disse que a acusação é completamente absurda. “Os exames foram todos realizados, existem os registros, que foram todos digitalizados e arquivados com os nomes dos pacientes. Todos eram autorizados pela Secretaria Municipal de Saúde”, conta.

Para ele, a denúncia é parte de uma perseguição política. “Ela é vazia e falsa e surgiu na campanha para atingir a imagem da Ellen. E é claro que a polícia tem que investigar. A posição da instituição é essa: investiguem! Mas também venham a público dizer que não encontraram nada. Não se pode manchar a imagem de uma instituição filantrópica”, afirma.

O prefeito da cidade, João Barbosa (MDB), disse que ficou surpreso com a operação e que não indícios de que a associação não realizava o serviço para o qual foi contratada. “Mas se tiver alguma irregularidade, será uma novidade para a prefeitura, porque nós inclusive recebemos nota fiscal do serviço que eles estariam realizando.”

Barbosa ainda afirmou que espera o desenrolar das investigações e está disposto a devolver o dinheiro, caso seja comprovada fraude. “Se tiver alguma ilegalidade, não será culpa nossa, a prefeitura está tranquila de que nós estamos fazendo tudo dentro da normalidade, se tiver ilegalidade nisso aí a responsabilidade é da instituição.”

Com informações de O Popular

Comentários