Prefeitura de Caldas Novas suspende aulas presenciais

Retorno das atividades escolares no município foi marcado por diversos entraves desde a reta final do último mês | Foto: Reprodução

Após tentativa frustrada de retomada às aulas presenciais, a prefeitura de Caldas Novas divulgou, na última segunda-feira (9/8), um comunicado onde enfatiza a suspensão das atividades em escolas municipais e nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs). A decisão deve perdurar por um período de pelo menos cinco dias. Conforme enfatizado pela gestão municipal, mesmo adotando rígidos protocolos de segurança, os casos de covid-19 “aumentaram exponencialmente” entre os servidores da Educação.

A decisão foi tomada após cinco funcionários testarem positivo para a doença. Além disso, outros 11 também apresentaram indícios de contaminação nos últimos dias. A prefeitura destacou que o espalhamento da doença foi observado mesmo com a adoção de todas as medidas de segurança, dentre elas a manutenção do distanciamento social, uso de máscaras, face shield e sanitização com álcool 70%.

O retorno das atividades escolares no município foi marcado por diversos entraves desde a reta final do último mês. Isso porquê o prefeito Kleber Marra (Republicanos) tentou programar a retomada para a próxima segunda-feira (16/08), através do decreto n° 1.597, publicado na noite de 30 de julho. Na ocasião, o prefeito também divulgou novas medidas para endurecimento da fiscalização e aplicação de penalidades. As determinações foram tomadas após reunião com o Comitê de Enfrentamento à covid-19. O adiamento foi justificado com base no aumento do número de casos e mortes pela doença no município.

Contudo, as estimativas terminam contrariadas a partir de uma decisão do Poder Judiciário, divulgada na última terça-feira (3/8). A liminar, alcançada através de uma ação civil pública do Ministério Público de Goiás (MPGO), determinou o retorno imediato das aulas presenciais de maneira híbrida e revogou o decreto da prefeitura que suspendia o retorno. Em live transmitida pelas redes sociais o prefeito explicou que a decisão seria acatada e que os trabalhos seriam iniciados com 12,5% da capacidade de ocupação das unidades escolares e 50% nas creches.

Em seguida, o gestor disparou: “Fizemos a nossa parte, agora só podemos pedir aos pais que façam também a deles”, enfatizou o prefeito que acrescentou ter visitado as escolas que já se encontravam “revitalizadas e adequadas em conformidade com os protocolos sanitários”. Para a retomada, a prefeitura também promoveu o remanejamento dos profissionais da educação, bem como de funcionários ligados aos serviços gerais e limpeza, de forma a evitar aglomerações nos prédios administrados pelo Executivo municipal.

Diagnóstico

A volta às aulas terminou sucedida de uma escalada de diagnósticos positivos para a doença entre servidores da educação. Foram confirmados novos casos nos Cmeis Mei Mei, Santa Ana, Escola Municipal Zico Batista, Escola Municipal Waldomiro Gonçalves de Sousa, Cmei Pequeno Príncipe e no Transporte Escolar. Dentre os contaminados está um motorista que manteve contato com diversos integrantes da pasta ao longo da última semana.

As autoridades seguem investigando outros servidores supostamente contaminados. Todos ligados às seguintes unidades de ensino: CMEIs Marcia Helena, Sugio Kato, Edilson Mendes Cabral, Vó Dina e Vovô João, Vó Idalina, Vó Tuta Pereira, Instituto Terezinha Palmerston, Escola Municipal Orizona Maria Martins, Escola Municipal Geraldo Dias, e, também, da Sede da Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Lazer.

Mobilização 

Insatisfeitos com a decisão do Judiciário, professores da rede municipal anunciaram greve na última quinta-feira (5/8). Em justificativa, a categoria argumentou não haver condições de segurança e apelou para manutenção do sistema remoto. De acordo com o Sindicato dos Servidores Municipais, a ação foi pautada pelo objetivo de prevenir a vida dos professores e de outros trabalhadores envolvidos no processo de educação e aprendizagem.

Por meio de nota, foi destacado que a cidade ainda enfrenta estado de calamidade em relação a propagação do vírus. Em outro trecho foi enfatizado que apesar de entenderem a preocupação do Judiciário em relação ao direito à educação, os servidores entendem o direito à vida como primordial.

Executivo 

À reportagem do O Hoje, o prefeito Kleber Marra disse ter recebido com preocupação a decisão da Justiça do retorno imediato das aulas. “Após a suspensão de cinco dias, o cenário será reavaliado e, se for seguro, será autorizado o retorno das unidades escolares com casos confirmados e suspeitos. O aumento de casos acontece no Brasil todo e não só em Caldas Novas. É preciso que haja segurança sanitária para o retorno das aulas presenciais a fim de garantir a segurança tanto dos alunos e seus familiares, quanto dos nossos servidores”.

Por sua vez, a secretária de Saúde do município, Emmanuela Coelho, disse considerar a piora dos casos a partir da retomada do ensino presencial algo “esperado”. “Nós já imaginávamos que poderia acontecer. Vivemos um momento onde o número de casos se apresenta mais alto que o normal. É preciso entender que ainda enfrentamos uma fase alta de contaminação. Apesar da maioria dos contaminados estarem em casa, temos casos graves na rede municipal de saúde, casos esses que infelizmente estão piorando”.

“Penso que deveríamos ter esperado mais. Pelo menos os primeiros 15 dias de agosto para avaliarmos o período pós-temporada. É preciso entender que mesmo depois de um ano de pandemia, nem todos se cuidam da maneira que deveriam”, disparou a titular. Segundo Emmanuela, a suspensão das atividades foi tomada por uma questão de “prudência”.

“Vamos fazer a avaliação clínica e, se necessário, a aplicação do PCR em todos os servidores. Dependendo do grau de comprometimento é que manteremos a suspensão, ou não, das aulas presenciais. É evidente que queremos muito a volta das aulas, mas precisamos de um ambiente seguro. Seguimos testando e monitorando todos aqueles que já testaram positivo. Não podemos relaxar”, pontuou a secretária.

Situação 

Dados divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) mostram que os casos de covid-19 na região da estrada de ferro, composta por 18 municípios, dentre eles Caldas Novas, seguem avançando. Na semana passada, a situação geral dos 18 municípios era considerada “crítica”. O balanço desta segunda-feira, contudo, aponta para uma situação de “calamidade”.

Em Caldas Novas, especificamente, a taxa de ocupação dos leitos de UTI já supera os 80% ao passo em que a ocupação dos leitos de enfermaria se aproxima dos 90%. São 81,82% e 89,19%, respectivamente.

*Com informações de O Hoje | Por: Felipe Cardoso

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