Pesquisas eleitorais são confiáveis, mas refletem apenas o momento, explica especialista

Cientista político e professor Guilherme Carvalho apontou que comportamente de variação das pessoas pode desatualizar qualquer levantamento

Pesquisas eleitorais são confiáveis, mas refletem apenas o momento, explica especialista

Em período eleitoral, as pesquisas funcionam como principal termômetro para que candidatos e eleitores tenham noção do rumo que o cenário de disputa está tomando. Para alguns, a pesquisa é previsão garantida do resultado das urnas, enquanto outros questionam dados e condenam metodologias, diferenças de números apresentados e imprevisibilidade do resultado final. Afinal, o eleitor pode confiar nas pesquisas divulgadas?

“A intenção de uma pesquisa eleitoral é explicar a realidade em situações que não se pode alcançar várias pessoas, por isso são utilizadas técnicas estatísticas para extrair o grosso dos pensamentos naquele momento”, explica o professor e cientista político, Guilherme Carvalho, em entrevista para o Jornal Opção. “Então, elas não são confiáveis para dizer o que vai acontecer amanhã ou nas eleições, mas são responsáveis por mostrar o que acontece hoje na realidade social e política”, completa.

Entretanto, o especialista ainda alerta que é necessário “bastante cautela” porque existem inúmeras circunstâncias que podem mudar totalmente o levantamento e deixar desatualizado. “As pesquisas lidam com variáveis humanas que estão em alteração em todo momento. Então, nesse momento que a intenção de voto é uma, mas acontece uma variável que está fora do controle dos pesquisadores, o resultado não importa mais. São justamente um retrato daquele momento, talvez servindo para medir a progressão de popularidade, não como estimativa, mas como os pleiteantes estão sendo vistos pela sociedade, em diferentes partes do estado ou do país, de modo geral.

Mesmo assim, Guilherme destaca que os institutos sérios e confiáveis sempre se aproximam da realidade do momento. “Eles buscam pela ciência estatística para encontrarem a generalização e contemplarem o grosso da população e as variações ocorridas”, explica. Entretanto, ainda alerta que muita coisa pode acontecer até as eleições e muitas alterações devem aparecer até o dia 2 de outubro. E aponta que pesquisas “boca de urna” são mais certeiras porque cravam no momento da eleição o que deve acontecer.

Carvalho ressalta que existem inúmeras formas de explicar a realidade das eleições e por isso existem metodologias diferentes. Além de dizer que não é fácil descobrir se uma pesquisa eleitoral é confiável ou não. Mas, aponta que existem instituições sérias e consolidadas neste tipo de levantamento.

“Não tem uma dica fácil para identificar porque ninguém vai se debruçar sobre questões metodológicas ou métodos de aplicação. Não vão atrás para saber sobre desvio padrão, intervalo de confiança, espaço e distribuição amostral. Então é muito mais fácil acompanhar e confiar em pesquisas que quem assina são cientistas políticos e/ou institutos sérios. Por exemplo, o Datafolha, instituto de pesquisas do Grupo Folha; o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE); Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec); ou a Quaest Consultoria e Pesquisa”, explicou o cientista político, que contou que todos as instituições citadas por ele possuem uma metodologia parecida.

O professor justifica que os institutos como os citados possuem um “nível de confiança” menor, com uma 5% para mais ou para menos. Mas, afirma que esses índices em pesquisas nacionais são muito mais confiáveis do que pesquisas em Goiás com níveis de 1 ou 2 pontos. “É incompatível com o tamanho da amostra, estatisticamente não fecha. Às vezes não consegue aumentar a amostra estaticamente falando e fazer a distribuição amostral dos 243 municípios”, argumenta. Fora que ele expôs um problema de viés com base na forma que a pesquisa é feita, por exemplo, há uma exclusão de classe se foi feita pelo telefone celular, já que nem todo mundo tem acesso ao aparelho celular.

Por fim, alerta para pesquisas feitas por candidatos que na verdade são apenas enquetes que não refletem o que acontece. “Isso não tem método, técnica e distribuição de espaço amostral, não há cuidado com a margem de erro, não tem ciência. Então, essas não vão se aproximar da realidade porque a gente vive em bolhas e as informações são coletadas só com pessoas predispostas a votar nele. Para escapar disso, tem que investir em uma pesquisa em um instituto muito série, só assim pode entender como ele está”, justificou o cientista político.

Com informações Jornal Opção

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