Opinião do leitor: CRAC – importância histórica  

José Carlos Ulhoa Fonsecas – Sócio Remido do Clube Recreativo Atlético Catalano (Crac), escreveu para o Zap Catalão. Leia*

Clube Recreativo Atlético Catalano – CRAC (Reprodução da Internet)

Ao tempo em que me apresento como sócio remido do CRAC deixo claro o orgulho ser filho do homem que construiu nos idos de 1958/59, a Praça de Esportes, onde se localiza o Estádio Genervino da Fonseca, com empenho pessoal e doação de recursos próprios, apoiado pelo seu sócio irmão Leovil da Fonseca, para poder terminar toda a obra.

Todos sabem que o CRAC – campeão estadual de 1967 e 2004 – sempre foi motivo de muita alegria para os catalanos ao participar do campeonato goiano de futebol, principalmente quando jogando em Catalão, naquele ambiente festivo, de congraçamento, de lazer dominical e, às vezes, durante as noites felizes de alguns dias da semana.

De repente somos surpreendidos com a hipótese absurda de que aquele histórico estádio poderá ser leiloado para pagar dívidas trabalhistas, entre outras, possivelmente por conta de gestões inconsequentes, de vez que deixaram que ações judiciais – segundo informações são 93 e a maioria correu a revelia – provocando uma dívida na faixa de R$ 14.000.000,00 (quatorze milhões de reais).

Um absurdo, um acinte à história de Catalão e aos seus moradores, pois repercute profundamente na vida da cidade, dos conterrâneos, eliminando-se uma base fundamental à permanência de toda uma estrutura, suporte a um time de futebol, gerando a eliminação de local de muitas alegrias e lazer da comunidade.

Uma incongruência quando sabemos que a nossa Catalão, hoje, representa um símbolo de progresso e dinamismo empresarial, com fartos exemplos significativos que honram sua tradição de cidade modelo e tal acontecimento denigre nossa imagem.

Todos sabem que nos idos de 2013/14, quando foram ajuizadas a maioria das ações trabalhistas, a receita do CRAC aproximou-se de R$ 7.000.000,00 (sete milhões de reais) advindas de patrocínio do poder público, vendas de ingressos entre outras fontes.

Valor mais do que suficiente para o pagamento de eventuais dívidas com seus atletas e fornecedores diversos e salvo engano- pelo menos nunca fui informado como sócio remido, não houve a necessária prestação de contas aos associados com as chancelas dos Conselhos Deliberativo e Fiscal, respectivamente, segundo as normas estatutárias da Entidade.

Onde foram aplicados estes fartos recursos? Como, nós, associados do CRAC, podemos aceitar este absurdo? Ninguém se manifestou até hoje, no seu legítimo interesse, como associado, sobre a aplicação daqueles valores? Aceitaremos passivamente a postura de omissão e irresponsabilidade das gestões apontadas?

São questões importantes à todos nós em particular, como associados, repito, bem como à comunidade em geral, afinal toda a cidade será prejudicada com a eliminação de local digno e histórico para receber os times visitantes ao longo das competições que o CRAC participará.

A sociedade permanecerá passiva frente a este – mais um absurdo, no que tange ao uso irregular de dinheiro arrecadado, com tanto sacrifício, também de origem pública envolvido?

Não há nada que se possa agir, inclusive judicialmente, se for o caso, a fim de responsabilizar por estas questões tão graves os diretores daquelas gestões, pela má administração dos recursos arrecadados, se comprovado?

Sabe-se que o atual Prefeito, com empenho pessoal, como de hábito, tenta de um lado negociar com os inúmeros credores formas de desconto com as respectivas quitações individuais de cada ação, pois não se discute o seu direito aos recebimentos dos valores devidos, em face da demanda judicial, mas o que se busca conscientizar é o pagamento dos débitos sem que isto implique na violação da memória desportiva e histórica da nossa Catalão, aqui representada pelo Estádio Genervino da Fonseca.

Para tanto vislumbra-se a possibilidade de vir a ser alienada parte da área daquela Praça de Esportes, sem prejuízo do estádio, cuja receita se presume suficiente para quitação dos débitos apurados e negociados.

Torcemos para que haja flexibilidade de todos os credores, a fim de que Catalão continue com o Estádio Genervino da Fonseca e continuemos com aquele local tradicional e histórico que sempre frequentamos jubilosos.

Se tudo correr dentro dessas expectativas ficarão solucionadas as demandas judiciais que tantas agruras trazem à gestão atual do Clube Recreativo Atlético Catalano e Catalão poderá prosseguir na sua odisseia procurando cada vez mais manter sua posição de destaque no futebol goiano, particularmente do interior de nosso estado.

Porém, Julgo que a primeira atitude a ser tomada pela atual administração do CRAC, sem conhecer quem faz parte dela e desculpando-me pelo atrevimento em falar sobre este assunto de longe, seria o de modernizar/atualizar os estatutos da sociedade tornando-o efetivo instrumento de gestão nos moldes empresariais.

É inaceitável qualquer administração de uma organização deste naipe deixar de cumprir certas exigências, tais como p. ex., prestar contas, devidamente discutidas e aprovadas pelos seus respectivos Conselhos Deliberativo e Fiscal, fatos que que nos parecem, a olhos leigos, não foram respeitados por aquelas gestões, culminando nas ações judiciais mencionadas.

Assim, atrevo-me a sugerir algumas mudanças para uma administração de profunda complexidade, qual seja a continuidade do futebol, mas com outra roupagem, se possível agregando nova filosofia de trabalho, em face de suas limitações orçamentárias.

Trata-se de, enquanto luta para sua permanência na primeira divisão do futebol goiano procurando se destacar como ocorrido em anos pretéritos, onde sua colocação final lhe permitiu jogar a Copa do Brasil e série C, agregar com o apoio irrestrito e complementar de empresas parceiras que se disponham a ajudar, de forma contratual, uma escola para formação de atletas destinados ao futebol arregimentados na região permitindo, quero crer, a descoberta de valores que possam fazer parte do CRAC diminuindo, destarte, a contratação de profissionais existentes no mercado e na maioria das vezes com valores salariais incompatíveis com a nossa realidade local.

O desafio é grande e como torcedor que nutre muito amor ao time, além de sócio remido desde 1959, aceitaria, se julgarem relevante, embora residindo fora, fazer parte de um grupo para discutir e planejar a reorganização da agremiação com uma visão complementar, dentro da realidade de Catalão criando instrumentos mais modernos de gestão à semelhança de exemplos que vem acontecendo no setor pelo Brasil afora.

Assunto para ser refletido e tratado de forma mais abrangente e com bastante firmeza e determinação, não se esgotando nestas primeiras linhas.

Espero ter, como sócio remido e torcedor apaixonado pela agremiação, contribuído de alguma forma à reflexão de quem hoje está à frente do nosso CRAC.

JOSÉ CARLOS ULHOA FONSECAS – SÓCIO REMIDO

*As opiniões emitidas pelos comentaristas não refletem necessariamente a opinião do Zap Catalão 

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