O estúpido Ministro da Educação de Bolsonaro

As declarações do novo Ministro de Estado da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, beiram a loucura. Quando escrevo “loucura”, tento transmitir o quão desproporcional e insano é Vélez, o colombiano que tem como missão levar o Brasil de volta ao período medieval, este homem que em nome da moral, remonta o período em que somente aqueles de sangue real tinham lugar na academia e nos espaços de construção de conhecimento.

Vélez disse, em entrevista, que a universidade não é para todos, mas para uma ‘minoria intelectual’. O ministro, cheio de más intenções, defendeu ainda a inclusão da disciplina moral e cívica no ensino fundamental, sob a justificativa de que ‘o povo precisa aprender quais são os verdadeiros heróis brasileiros’. E pensar que essa gente considera o torturador Ustra um herói nacional. Ustra torturava mulheres, arrancava seus mamilos com alicates, e, como o próprio presidente Bolsonaro disse em sessão plenária no congresso: era o terror de Dilma Rousseff, presa política no período da ditadura militar e que participou de inúmeras sessões de tortura, relatadas em diversos documentos.

Não suficiente com a declaração sobre uma universidade para as elites intelectuais brasileiras, Vélez Rodrigues atacou também o cantor Cazuza, falecido em julho de 1990 e por quem possuo grande respeito e admiração pela trajetória política e de vida. Cazuza criticava pessoas como Vélez e seus companheiros ministeriais: gente de alma bem pequena, ocupados demais com a moral para viver as mudanças da vida.

Ao responder a revista Veja uma pergunta que questionava se a liberdade cátedra incluía ensinar marxismo, fascismo e liberalismo, o ministro Rodrigues relembrou, com desdém, o cantor brasileiro. “Liberdade não é o que pregava Cazuza, que dizia que a liberdade é passar a mão no guarda. Não! Isso é desrespeito à autoridade, vai para o xilindró”. A frase dita por Vélez, na verdade, foi reproduzida pelo grupo Casseta e Planeta, nos anos 1980.

Após a fala descontextualizada e com objetivo de atacar a figura do jovem músico, a mãe de Cazuza, Lucinha Araújo, divulgou uma nota pública, em que dizia, ao contrário do filho, não ter piedade de Vélez, e que, ‘é inadmissível que uma pessoa que ocupa um cargo de ministro use informações de uma pessoa pública sem compromisso com a verdade’.

Cazuza não pregava que passar a mão no guarda era uma forma de liberdade. Quem diz isso mente e usa de má fé. Assim comporta o ministro Vélez, de forma irresponsável, insana, e, sobretudo, descompromissada. Ele foi autorizado a atacar a história e trajetória de artistas que nunca se ocuparam com a moral que hoje toma Brasília em seu mais profundo cinismo.

Vélez se desculpou pelo twitter com a mãe de Cazuza, mas sua estupidez com a história será eternizada, assim como as canções do jovem brasileiro, que se estivesse vivo, estaria lutando diariamente para derrubar este governo hipócrita e repleto de gente careta e covarde. De gente que não sabe amar. E não respeita quem ama.

Escrito por:

Osmam Martins tem 22 anos, é jornalista e assessor de comunicação.

Twitter: @osmam_martins

 

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