Goiânia e 19 cidades vizinhas fecham tudo a partir de 2ª

Apenas atividades essenciais serão autorizadas a funcionar na Região Metropolitana por pelo menos sete dias. Restrições podem ser prorrogadas caso não haja redução na ocupação de leitos para taxa abaixo de 75%. Empresários apoiam medida

Gustavo Mendanha defende que restrição deve durar até alívio na Saúde (Foto: Diomício Gomes/ O Popular)

Os 20 municípios da Região Metropolitana de Goiânia (RMG) vão fechar todas as atividades consideradas não essenciais a partir desta segunda-feira, 1º de março. A medida deve durar sete dias, podendo ser ampliada, a depender da situação da pandemia do coronavírus em Goiás. A decisão foi anunciada no fim da tarde desta sexta-feira (26), após reunião entre o governador Ronaldo Caiado (DEM), 11 prefeitos e representantes de entidades do setor produtivo.

A ideia dos gestores é criar um único texto com as medidas restritivas, que será replicado em decretos de cada município. As novas regras devem ser definidas e apresentadas neste sábado (27), mas o indicativo é que o fechamento seja semelhante ao de março de 2020, com a permissão de funcionamento apenas para locais como farmácia, borracharia, supermercados e indústria. Os detalhes sobre o fechamento serão tomados em conjunto, a partir de um comitê formado por representantes de cada cidade da RMG.

O prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (MDB), defende que a maior restrição deve durar até conseguir diminuir a ocupação de leitos em até 75%. Atualmente, a rede estadual está com mais de 90% das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) ocupadas, mesmo com aumento recorde no número de vagas.

A Região Metropolitana tem cerca de 2,6 milhões de habitantes e representa 37% do total da população do Estado. Atualmente, a região é considerada como de nível crítico em relação à pandemia, que é a categoria intermediária entre o “alerta” e a “calamidade”. Mesmo não estando na situação mais extrema, proporcionalmente, os doentes graves da RMG impactam o sistema de saúde.

Construção

Os preparativos para definir este aumento da restrição de circulação de pessoas para combater a pandemia começou no fim da manhã de sexta, com uma reunião entre Mendanha e o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos). Durante a tarde foram duas reuniões, uma entre os dois prefeitos e Caiado, e uma outra maior, incluindo representantes de entidades e mais municípios. Até o fechamento desta edição, os prefeitos da RMG estavam reunidos em um novo encontro, que começou às 21 horas.

A primeira possibilidade levantada foi a de fazer um fechamento de todas as atividades não essenciais por 14 dias, mas a quantidade de dias caiu para a metade. “O mais correto seria fechar as cidades, mantendo apenas os serviços essenciais. Estamos perto de um colapso”, defendeu Mendanha ao POPULAR no início da tarde.

Nas últimas semanas, Ronaldo Caiado vem tentando implementar medidas que aumentem o distanciamento social e diminua a quantidade de infectados e, consequentemente, de internações e mortes. Houve um decreto de Lei Seca durante a noite, no fim de janeiro, e na semana passada foi lançada uma nota técnica com orientações por região de Goiás, a depender da variação de pedidos de internação, ocupação de leitos, mortes, taxa de transmissão e doentes de cada uma.

“Estamos tratando de uma realidade que é diferente da de um país que tem uma renda per capita como a França, o Reino Unido, a Espanha e outros países da Europa. Nós temos de ver a nossa realidade, a vida como ela é. E vendo a vida como ela é, nós saberemos exatamente como adequar, para conter o processo da disseminação do coronavírus”, declarou Caiado para a imprensa, após a reunião de sexta.

O governador lembrou que todo o Estado está em fase crítica e a diminuição da circulação de pessoas se faz necessária para que não ocorra um colapso do sistema de Saúde. O governador aproveitou a ocasião para elogiar a atitude dos prefeitos de Goiânia e Aparecida, de propor esta tomada de decisão conjunta da RMG. “Ou vacina, ou diminui a transmissão, não tem outra maneira de tratar a Covid”, alertou Caiado.

Esta decisão de fechar a RMG por sete dias acontece no mesmo momento que várias outras unidades da federação decretaram medidas para diminuir a disseminação do vírus. Sete Estados anunciaram restrição de atividades e toque de recolher, segundo o G1. Ainda segundo o portal de notícias, outras seis unidades da federação estão com restrição a comércio e serviços não essenciais, entre elas, o vizinho Distrito Federal (DF).

Colapso

A quantidade de leitos de UTIs para pacientes com coronavírus na rede estadual de Goiás passou de 270 para 407 em duas semanas. Na primeira onda, no pico da pandemia, eram 318 vagas. Mesmo com este aumento recorde, a quantidade de novos doentes graves no Estado é muito grande e a ocupação passa de 90%. Nesta semana, a quantidade de pacientes graves com Covid-19 em UTIs, contando leitos públicos e privados, chegou a 939, maior número desde o início da pandemia.

O secretário estadual de Saúde, Ismael Alexandrino, já vem alertando há algumas semanas sobre a limitação de mão de obra de profissionais intensivistas, essenciais para colocar uma UTI em funcionamento. Em entrevista para a TV Anhanguera na sexta à noite, Rogério Cruz exemplificou: para criar 10 leitos de UTI são necessários 60 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e outras categorias.

Participaram da reunião em que foi definido o intervalo de sete dias de fechamento representantes da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio), Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), Associação Comercial e Industrial de Aparecida de Goiânia (Aciag) e Associação Empresarial da Região da 44 (AER44), além de 11 prefeitos e o governador.

Entidades apoiam interrupção

A decisão de fechar a Região Metropolitana de Goiânia (RMG) por sete dias foi tomada com a participação do setor produtivo de Goiás. Representantes de entidades participaram do encontro no Paço Municipal e se posicionaram durante o dia por meio de vídeos e notas técnicas, apoiando a restrição ao funcionamento de atividades não essenciais para conter a disseminação do coronavírus.

Vice-presidente da Associação Empresarial da Região da 44 (AER44), Lauro Naves, declarou que os comerciantes da região vão seguir a risca o decreto com maior restrição de circulação de pessoas. “Se faz necessário que todos os setores da sociedade contribuam com este lockdown, ficando em casa, mantendo as restrições, até mesmo para que nós tenhamos possibilidade de voltar a trabalhar daqui sete dias”
“Infelizmente estas medidas são necessárias, porque a rede de saúde colapsou. Os números apresentados são terríveis. Hoje nós temos um índice de infecção muito alto e uma testagem que foi feita hoje (sexta-feira, 26) na 44, ficamos bastante assustados, sem falar de outras regiões. Realmente a situação está muito séria”, declarou o presidente da Associação Comercial e Industrial de Aparecida (Aciag), Rubens Fileti.

O presidente da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio), Marcelo Baiocchi, também se pronunciou: “Chegou-se a conclusão que há necessidade, realmente, de um novo lockdown, uma parada de sete dias. (…). É um momento difícil, nós empresários – comércio, turismo – queremos manter tudo funcionando, mas infelizmente os números não permitem.”

Em nota, a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) também apoiou a decisão fechar estabelecimentos comerciais para combater o alto número de casos de Covid-19. “Todos juntos, uns pelos outros, vamos vencer esta pandemia que tanto sofrimento vem causando. A Fieg e a indústria goiana estão trabalhando intensamente para que tudo isso passe, mas que, enquanto isso, nada falte nas farmácias, nas padarias, nos supermercados e nem na mesa de cada cidadão.”

*Com informações de O Popular

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