Fundador da Ricardo Eletro é preso em SP em operação contra sonegação fiscal em MG

‘DIRETO COM O DONO’ – Ricardo Nunes, fundador da Ricardo Eletro é alvo de operação Leo Drumond/Nitro/VEJA

Ricardo Nunes, fundador da rede varejista Ricardo Eletro, foi preso em São Paulo, na manhã desta quarta-feira, 8, em operação que investiga sonegação fiscal e lavagem de dinheiro em Minas Gerais. A força-tarefa é composta pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), pela Receita Estadual e pela Polícia Civil. Segundo o MP do estado, a rede varejista sonegou cerca de 400 milhões de reais ao longo de cinco anos. Nunes deixou a presidência da empresa em 2018.

A filha de Ricardo, Laura Nunes, também foi presa, na Grande BH. Há ainda um mandado de prisão em aberto para diretor superintendente da Ricardo Eletro, Pedro Daniel Magalhães, em Santo André. De acordo com o MP, foram expedidos três mandados de prisão e 14 de busca e apreensão a serem cumpridos em Belo Horizonte e Nova Lima (MG) e São Paulo e Santo André (SP) na operação “Direto com o Dono”.

De acordo com o MP, a rede de varejo cobravam dos consumidores, embutido no preço dos produtos, o valor correspondente a impostos. No entanto, os investigados não faziam o repasse e se apropriavam desses valores. Só em MG, a investigação detectou 400 milhões de reais em sonegação com a prática.

Segundo o MPMG, além da sonegação, Nunes é investigado por lavagem de dinheiro. “A empresa encontra-se em situação de recuperação extrajudicial, sem condições de arcar com suas dívidas, já tendo fechado diversas unidades e demitido dezenas de trabalhadores. Em contrapartida, o principal dono do negócio possui dezenas de imóveis, participações em shoppings na região metropolitana de Belo Horizonte e fazendas”. Segundo a investigação, os bens não estão registrado no nome de Nunes, mas de suas filhas, mãe e até de um irmão, que também são alvos da operação. “O crescimento vertiginoso do patrimônio individual do principal sócio ocorreu na mesma época em que os crimes tributários eram praticados, o que caracteriza, segundo a Força-Tarefa, crime de lavagem de dinheiro”, afirma o MP.

Além dos mandados de prisão, a Justiça determinou o sequestro de bens imóveis de Nunes, avaliados em cerca de 60 milhões, para ressarcir danos causados ao estado de Minas Gerais.

Procurada, a rede Ricardo Eletro não respondeu até a publicação desta matéria.

Dívidas

Além da investigação sobre sonegação de impostos, a rede Ricardo Eletro também tem outras grandes dívidas. A empresa de 500 grandes empresas com débitos com a Previdência Social, por falta de recolhimento de obrigações previdenciárias para o INSS. Ao todo, a Ricardo Eletro deve mais de 75 milhões de reais a União.

A rede varejista, fundada em 1989, têm lojas em 17 estados e em 2019 teve um plano de recuperação extrajudicial homologado pela Justiça. Na época, as dívidas eram estimadas em 2,5 bilhões de reais com fornecedores e bancos.

*Com informações da Veja

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