Ex-executivo de empreiteira confirma: pagaram por delações


Esta semana, o ex-executivo da OAS, Adriano Santana Quadros, pediu indenização de R$ 2,7 milhões de reais à Justiça do Trabalho de São Paulo por considerar que sofreu ‘retaliação’ após não aceitar a participação num acordo de delação premiada em conjunto com outros funcionários da empreiteira.

Na ação movida por Adriano, o ex-executivo diz que a empresa pagou uma quantia milionária a ex-funcionários para que mentissem em depoimentos à justiça. As mentiras financiadas serviam para gerenciar a crise da empreiteira e favorecer interesses da empresa nos processos que correm no Ministério Público Federal (MPF). Ainda segundo apurou o site O Antagonista, o ex-executivo disse que foi dispensado da empreiteira [OAS] de forma abusiva e discriminatória durante a operação Lava-Jato, porque queria fazer delação de forma separada da cúpula da empresa.

Assim, a operação midiática calculadamente batizada de Lava-Jato, que foi crucial para a queda de Dilma Rousseff e indispensável à vitória de Jair Bolsonaro, pois garantiu a prisão de Lula, sofre os arranhões do tempo. Na ação, Adriano também detalhou que os funcionários do departamento de propina que ajustaram seus depoimentos aos interesses da OAS tiveram tratamentos ‘diferenciados’, chegando a receber até indenizações da empresa em forma de doação simulada.
O ex-diretor financeiro, Mateus Coutinho, acompanhou as palavras de Adriano: outros executivos que aceitaram fazer a delação combinada com a empresa receberam indenização de R$ 6 milhões. Procurada, a OAS negou ter feito qualquer pagamento relacionado aos fatos mencionados.

Os rumores confirmam os gritos, muitas vezes silenciados, sobre a ação política da operação Lava-Jato. Seletiva, ela se concentrou, principalmente, na criminalização de governos e líderes progressistas. A operação, que adiantava condenações à imprensa em seu caráter político-totalitário, reconduziu também à direita e os representantes da burguesia ao centro do poder político, pois, ao julgar em tempo recorde a ação de Lula no caso do tríplex às vésperas da eleição, foram responsáveis pela vitória de Jair Bolsonaro. Hoje, o TRF-4, que condenou Lula, trabalha normalmente, no ‘tradicional passo de tartaruga’, como escreveu o jornalista Mauro Lopes.


Sérgio Moro foi, sem dúvida, uma figura chave nesse processo político chamado de Lava-Jato. Foi ele que incendiou o país ao divulgar o grampo da Presidente Dilma, foi ele que, de férias em Portugal, fez uma ligação para que Lula continuasse preso após uma decisão de soltura. Foi ele, que deliberadamente concedia entrevistas à imprensa para demonstrar o caráter ‘imparcial’ da operação. Hoje, é ministro do governo que ajudou a eleger. Mas nós sabemos: sem Moro, não haveria Bolsonaro, e sem Lula, nenhum dos dois.

Escrito por:

Osmam Martins tem 22 anos, é jornalista e assessor de comunicação.

Twitter: @osmam_martins

 

Comentários