‘Escalei uma montanha a noite toda’, disse menino que sobreviveu a acidente que matou família em MG

Benjamin Monare, de seis anos, contou ao motorista que o encontrou o que ocorreu após o acidente entre Araguari e Uberlândia que matou o pai, a mãe e o irmão dele no dia 7 de outubro, quando família voltava de um passeio em Goiás.

O motorista que resgatou o menino Benjamin da Silva Miguel Monare, único sobrevivente do acidente em que a família dele morreu na BR-050, contou emocionado nesta quarta-feira (10), como encontrou a criança de seis anos.

Valdécio Francisco Vale disse à reportagem da TV Integração que viu o menino deitado no acostamento da rodovia entre Uberlândia (MG) e Araguari (MG) e que ao questionar o que havia ocorrido, Benjamin respondeu chorando: “Escalei uma montanha a noite toda”.

“Vi algo na rodovia e desconfiei que era um boneco e resolvi parar. Estava chovendo forte e quando cheguei perto uma criança sentou e acenou que tinha caído apontando para a vala. Ele falava muito do irmão dele e estava com frio, foi a hora que tirei a camisa e dei para ele, que me abraçou. Nisso eu não aguentei e nós dois choramos juntos”, declarou o motorista.

Chovia forte e a criança gritava o pai e a mãe

Benjamin mora em Campinas (SP), onde também viviam o pai, Alessandro Monare, de 37 anos, a mãe, Belkis da Silva Miguel Monare, 35, e o irmão, Samuel da Silva Miguel Monare, de oito anos. Eles passaram o fim de semana em Rio Quente (GO) para comemorar o aniversário da mulher e se acidentaram no retorno para casa no último domingo (7). Apenas Benjamin sobreviveu, ele foi encontrado por Valdécio quase 48 horas depois do acidente com a família.

O motorista contou ainda que a polícia e a concessionária que administra a rodovia foram acionados por um homem em um carro que também viu a situação, estacionou e logo após seguiu viagem. Enquanto aguardava o socorro para a criança, Valdécio disse que tentou entender a situação e que conversava com Benjamin na tentativa de acalmá-lo.

“Foi muito emocionante, ele dizia que estava no local há muito tempo e que escalou uma montanha a noite toda, me chamando de tio. Então percebi que ele se referia a vala que ele tinha subido. Benjamin contou que começou a chover forte e que chorava e gritava o pai e a mãe, mas eles não respondiam”, contou Valdécio.

Menino Benjamin Miguel ficou cerca de 48 horas sozinho após acidente — Foto: Reprodução/EPTV

O pai, a mãe e o irmão de Benjamin foram enterrados nesta quarta em Campinas. O menino chegou a ser atendido nesta terça-feira no Pronto Socorro do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) com sintomas de desidratação, mas sem ferimentos foi liberado no mesmo dia.

“Acho que Deus me levou pro lugar certo, na hora certa. Eu saí mais cedo para ir trabalhar por conta da chuva. Vi a criança e logo depois vi o carro onde estava as demais vítimas. Aí entendi que tinha acontecido um acidente, pois no local já tinha um odor forte. Benjamin não entendeu nada que aconteceu com ele e nem eu questionava. É uma cicatriz, eu nunca vou esquecer”, concluiu o motorista.

Carro caiu em vala e não foi localizado por Polícia e concessionária que administra a rodovia — Foto: TV Integração/Reprodução
Investigações

Segundo o delegado da Polícia Civil, Rodrigo Faria, existe uma investigação sobre o envolvimento de outro veículo no acidente. O carro da família foi periciado e a necrópsia também vai confirmar se as vítimas morreram na hora ou não. O resultado deve ficar pronto em 10 dias.

Testemunhas disseram em entrevista à TV Integração que viram o acidente e que um outro veículo estava envolvido. Um casal chegou a avisar a concessionária sobre o ocorrido, mas o veículo da família de Campinas caiu numa vala em um barranco na lateral da pista, e não havia sido localizado.

Corpos de três pessoas da mesma família foram sepultados em Campinas. — Foto: Jefferson Barbosa/EPTV
Homenagens

O pai Alessandro Monare era pastor da Igreja Batista Vista Alegre em Campinas. A família era muito presente na comunidade religiosa e foi homenageada na noite desta terça. Centenas de pessoas lotaram a sede da igreja no Jardim Vista Alegre, na cidade paulista.

Muitos amigos compareceram ao sepultamento, mostrando o quanto a família é querida e atuante na igreja. Alessandro atuava como pastor há seis anos.

Por MGTV/EPTV

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