Corte no MEC: 2,7 milhões de pessoas pobres sem atendimento nos Hospitais Universitários

O novo ministro da educação Abraham Weintraub é um novo personagem da sádica equipe do governo Bolsonaro em Brasília (DF). Em substituição ao ministro Vélez, importado da Colômbia, Weintraub, assim como seu antecessor, é incapaz de liderar uma pasta como o MEC e levar a sério tudo que é produzido e ensinado no país, desde a educação básica até a educação superior.

Um dos setores severamente comprometidos com os cortes de 30% no orçamento geral das Instituições Federais (IFEs) foram os Hospitais Universitários (HU), unidades indispensáveis no atendimento e tratamento da população mais pobre do país em diversas regiões.

Os Hospitais Universitários, são, ainda, referências internacionais nos atendimentos de média e alta complexidade através do Sistema Único de Saúde (SUS); Em Catalão, o gestor da Santa Casa, Dr. Aguinaldo Mesquita discute a conversão da unidade em hospital universitário para prática profissional dos estudantes de medicina da Universidade Federal de Catalão (UFCAT). Em Goiânia, o corte pode interromper a conclusão de obras no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG). A quantidade de pacientes afetados ainda é desconhecida.

Hoje, no Brasil, existem 50 unidades de Hospitais Universitários vinculadas a 35 universidades. Esses centros de saúde já atuam com deficit orçamentário e de equipamentos desde 2018, após a aprovação da PEC do Teto, que congelou investimentos. Segundo alguns reitores, os cortes agravam a crise e a preocupação com a manutenção de itens básicos dos HU’s.

Os reitores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade de Brasília (UNB), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) manifestaram preocupação com a manutenção de seus programas de extensão universitária e o funcionamento regular dos hospitais nos próximos meses.

Portanto, a irresponsabilidade do ministro de Bolsonaro atinge não só os hospitais universitários em funcionamento, mas também prejudicam aqueles que aguardam adequações para atendimento. É o caso do Hospital da Mulher em Dourados (MS) e outros dois em Palmas (TO) e Natal (RN).

Cerca de R$ 40 milhões de reais foram bloqueados de cada uma das unidades mencionadas. As obras, se fossem concluídas, beneficiariam 2,7 milhões de pessoas de baixa renda. A informação é do levantamento feito pelo repórter Carlos Monteiro, no UOL (https://educacao.uol.com.br/noticias/2019/05/19/mec-corta-verba-de-obras-de-hospitais-que-servirao-a-27-milhoes-de-pessoas.htm .)

De forma alheia à crise e no mesmo ritmo dos cortes nas universidades, crescem os investimentos em hospitais privados de luxo (Estadão – https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,personalizado-e-high-tech-mercado-de-hospitais-de-luxo-cresce-em-sp,70002834517). O maior investimento recente foi feito pela Rede D’Or São Luiz, que já abriu unidades em São Paulo e no Rio e vai inaugurar outra em Brasília. As três custaram UR$ 1 bilhão. São hospitais menores, com cerca de cem leitos cada. Mas com elementos de conforto que vão de quartos de 60 metros quadrados a comida de chefs e lençóis 400 fios.

Posso aqui escrever muitos parágrafos para falar sobre a ciência produzida nos campi e suas aplicações práticas. Posso ainda listar os projetos de extensão que chegam até a comunidade e tudo que a Universidade pode oferecer gratuitamente, mas de que adianta eu fazer isso, se o governo considera estudantes e professores ‘idiotas úteis’? E pior, ainda tem uma população que apoia este discurso? A única e verdadeira saída para a crise na educação e no país passa pela queda de Bolsonaro. Não há outra saída.

Veja o percentual do PIB investido no Brasil e o Orçamento da Educação para 2018.

Escrito por:

Osmam Martins tem 23 anos, é jornalista e assessor de comunicação.

Twitter: @osmam_martins

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