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Catalão tem a situação mais critica entre as dez cidades em Goiás disparada de mortes por Covid-19

Ao menos dez municípios de Goiás tiveram disparada nos óbitos por causa da Covid-19 neste ano. Entretanto, em algumas localidades reverteram situação com restrições

(Foto: Reprodução)

Ao menos dez cidades em Goiás sofreram com uma disparada no número de vidas perdidas por causa da epidemia de Covid-19 nesta segunda onda. Com exceção de Catalão, Jaraguá e Montes Claros, as outras localidades com uma população entre 19 mil e 27 mil pessoas, que tiveram em fevereiro ou já em março, mesmo ainda na primeira quinzena do mês, um pico de mortes igual ou superior ao pior mês da primeira onda. Gestores culpam descaso da população entre as festas de fim de ano e o carnaval.

A situação é mais crítica em Catalão, que registrou 108 mortes nos três primeiros meses deste ano, o equivalente a 56% do total ocorrido desde o início da pandemia. Em Bom Jesus de Goiás, de 25,6 mil habitantes, ao menos 12 pessoas já haviam morrido nos 11 primeiros dias de março, quase o mesmo registrado em setembro inteiro, quando 17 pessoas morreram no pior mês da epidemia no município, que ao todo soma 48 óbitos.

O levantamento feito pelo POPULAR com base no boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) do dia 11 de março, que já apontava 568 mortes ocorridas em março. Estes dados, entretanto, devem aumentar conforme novos boletins são publicados porque as prefeituras demoram até um mês geralmente para registrar todas as mortes de um dia no sistema do Ministério da Saúde, que alimenta o da SES-GO. Mesmo assim, ao comparar com a estimativa do IBGE da população de cada cidade, muitas já apresentam saltos na curva de óbitos nesta primeira quinzena do mês.

São 15 cidades com mais de cinco mortes ocorridas em março que aparecem com uma taxa de mortes por mil habitantes superior à média estadual. Em fevereiro inteiro, foram 21. Entre os dias 1º e 11 de março, com base no boletim de quinta-feira, 109 municípios já tiveram pelo menos um morador que perdeu a vida para a Covid-19.

No mês passado, Itapaci, que tem 23,4 mil moradores, registrou 18 mortes. Até então ocorreram 13 durante a epidemia inteira. “No final do ano, a população achou que a epidemia tivesse acabado, já estava relaxando até no uso das máscaras, e dez dias depois do réveillon começaram a ver o aumento dos casos até chegar nesta situação”, comentou a titular da SMS local, Luciana Jacinta Pereira.

Os prefeitos destas cidades aproveitaram a divulgação do mapa de calor com o índice de risco da epidemia pela SES-GO, no dia 17 de fevereiro, para endurecer as medidas restritivas e afirmam que depois de um mês conseguiram resultados. O prefeito de Rubiataba, Weber Sivirino da Costa, viu o número de moradores internados cair de 45 para 20 neste período. A cidade registrou 12 mortes em fevereiro, 41% do total até o último dia 28.

Anicuns registrou sete mortes apenas nos 11 primeiros dias de março, que correspondem a 22% de todos os óbitos por coronavírus desde o início da pandemia. O diretor do Hospital Municipal de Anicuns, o médico Paulo Graciano, relata que um dos agravantes era que alguns pacientes com sintomas leves não cumpriam o isolamento.

“A maior dificuldade nossa é esta. Os poucos sintomáticos e assintomáticos acham que estão bem e não ficam em casa”, relata o profissional. O prefeito Paulinho do Barreirão (DEM) divulgou um vídeo nas redes pedindo conscientização dos positivados e um decreto municipal prevê multa para quem furar a quarentena com Covid-19 confirmada.

Virada

Mais da metade das mortes por Covid-19 de moradores de Jaraguá, na Região do Vale do São Patrício II, foi nos meses de fevereiro e começo de março. O município contabilizou um total de 51 óbitos neste período, mais de um por dia. A Prefeitura implementou medidas de restrição. Atividades como bares, igrejas e academias estão fechadas há mais de 40 dias. Depois disso, casos positivos diminuíram para menos da metade, mas ainda há muitos doentes graves se recuperando em hospitais.

1% da população com Covid-19 simultâneo

De cada cem moradores de Anicuns, cerca de 90 km de Goiânia, pelo menos um estava com Covid-19 confirmada no último dia 8 de março. Eram 259 pessoas doentes ao mesmo tempo, podendo transmitir o vírus, em uma cidade com cerca de 22 mil habitantes. Com esta grande quantidade de contaminados, a prefeitura chegou a aumentar o horário do Centro de Atendimento ao Paciente e Enfrentamento à Covid-19, que funcionou no sábado e domingo do primeiro fim de semana de março.

Um dos problemas relatados por autoridades do município para conter a disseminação do vírus é o comportamento de pessoas que tinham a doença, mas não cumpriam a quarentena, saindo de casa e colocando em risco outras pessoas.

O prefeito Paulinho do Barreirão (DEM) chegou a divulgar um vídeo nas redes sociais da prefeitura pedindo que a população ligasse para pessoas que estavam com Covid-19 e pedisse que elas não saíssem de casa. “Pode ter certeza, aquele cidadão que está positivado, talvez ele não tenha a consciência total da realidade, do que pode causar, se ele deixar o seu isolamento”, diz o prefeito em vídeo divulgado no dia 10 de março. Também foram criadas multas.

Jaraguá ainda tem óbitos, mas novos casos diminuem

Jaraguá, na Região do Vale do São Patrício II, ainda vive uma situação crítica em relação à pandemia do coronavírus. Nos 11 primeiros dias de março foram 16 óbitos por Covid-19. Durante todo o mês de fevereiro foram 35 mortes. Só no último fim de semana foram oito mortes por Covid-19. O município começou a ter medidas de restrição de circulação de pessoas antes mesmo da última nota técnica do Estado, com o fechamento de bares, igrejas e academias.

Essas medidas já deram resultado e a média de novos casos diários diminuiu. Segundo o prefeito Paulo Vitor (DEM), a cidade chegou a ter cem novos registros de coronavírus por dia e atualmente são menos de 40. Esta queda de infectados começou a ser percebida cerca de 15 dias depois da paralisação, de acordo com o gestor.
Apesar da melhora no índice de novos casos, ainda há muitos doentes graves internados. “Todo hospital do Estado tem gente de Jaraguá. Ainda temos 42 jaraguaenses nas UTIs de fora, passando por tratamento. Nós ainda estamos pagando esse preço pela flexibilização de carnaval”, avalia o prefeito. Alguns desses pacientes estão internados desde janeiro.

O Hospital Estadual de Jaraguá Dr. Sandino de Amorim (Heja) tem 10 vagas de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que recebem pacientes de todo o Estado. Por isso, muitos pacientes do município têm de ser transferidos para outras unidades.

Na tentativa de aumentar o isolamento social, a prefeitura de Jaraguá chegou a divulgar um vídeo, no dia 21 de fevereiro, com novas covas sendo abertas no cemitério da cidade, por conta do aumento do número de óbitos. “Nossa rede de saúde está sufocando e precisa da sua ajuda”, diz o narrador em trecho de vídeo.
Paulo Vitor diz que mesmo com as medidas restritivas havia muitas festas clandestinas na cidade. A prefeitura aumentou a fiscalização com três equipes de plantão. Já foram aplicadas 25 autuações, sendo 22 pelo não uso de máscara. O prefeito diz que com o aumento de mortes a população ficou com mais medo e passou a seguir mais as regras de segurança.

Entre as vítimas da Covid-19 em Jaraguá está o narrador e radialista Cleiber Júnior, de 41 anos. Ele se contaminou após um surto do vírus na Rádio Cidade Jaraguá e acabou morrendo na manhã do dia 21 de fevereiro no Heja, onde estava internado para tratamento.

Conhecido pelo bordão “esbaçagou”, a morte de Cleiber causou comoção no mundo esportivo. O Vila Nova, O Atlético Clube Goianiense e o governador Ronaldo Caiado (DEM) manifestaram pesar pela morte do radialista.

Outra vítima da Covid-19 em Jaraguá foi Francinete da Silva Belo, de 34 anos, que morreu no dia 7 de março, internada no Heja. O diretor do Samu de Jaraguá, o médico Breno Leite Santos, chegou a gravar um vídeo do momento em que ela era resgatada em casa por uma ambulância e se despedia da família.

Já no dia 2 de março, a vítima da Covid-19 de Jaraguá foi o ex-vice prefeito Tentorino Julião de Amorim. Ele exerceu o cargo na gestão de 1993 até 1996 e em 1990 foi um dos responsáveis pela instalação do Heja. A prefeitura decretou luto oficial por três dias.

“A morte assusta, ainda mais em cidade pequena”

No auge da crise da segunda onda em Itapaci, em meados de fevereiro, a cidade com 23,4 mil habitantes registrava 24 novos casos confirmados por dia. Naquele mês morreram 18 moradores. A prefeitura decidiu baixar um decreto de 15 dias fechando todas as atividades não-essenciais e prorrogou a decisão por mais 7 dias. Agora, permitiu a abertura do comércio, mas implantou o toque de recolher a partir das 23 horas. O número de novos casos caiu para algo entre 7 e 9 por dia. “Precisamos fazer com que caia mais, mas a situação está diferente do que tivemos em fevereiro”, comentou a titular da SMS local, Luciana Jacinta Pereira. Uma das mortes em fevereiro foi da mãe de Luciana.

A prefeitura de Itapaci suspendeu o recesso de carnaval, mas como a medida não foi unânime em todo o Estado, muita gente de outras cidades foi visitar seus parentes lá. “Isso também colaborou para que o vírus se espalhasse. E esse vírus é mais grave agora, o que nos preocupa”, disse a secretária. A cidade, que chegou a ter 151 casos ativos registrados no dia 17 de fevereiro, agora, no dia 12 de março, tinha 90.

Em Rubiataba, cidade com 19,9 mil habitantes, que fica a 55 km de Itapaci, o prefeito Weber Sivirino da Costa acredita que além das questões envolvendo as festas de fim de ano, o período de férias e o relaxamento da população, o fato de ali haver uma faculdade e uma usina com pessoas que outras cidades e Estados fez com que houvesse uma maior circulação de forasteiros, facilitando a contaminação pelo coronavírus.

Por lá, a prefeitura não apenas mandou fechar todas as atividades não-essenciais como proibiu a venda de bebidas alcoólicas. O decreto durou 15 dias e agora a cidade vive um toque de recolher, mais a proibição da venda de bebidas mantida pelo prefeito. A explosão de casos de óbitos assustou a população. “A morte, ela assusta, ainda mais em uma cidade pequena onde todo mundo se conhece, isso fez com que os cidadãos acolhessem muito bem o primeiro decreto”, comentou.

Em Montes Claros de Goiás, com 8 mil pessoas, a primeira morte por Covid-19 foi em janeiro. Em fevereiro pulou para 6. O prefeito José Vilmar Maciel diz acreditar que as vítimas já estavam debilitadas e que o vírus veio com mais força na cidade durante o período de férias por causa da procura de moradores de cidades vizinhas. “Ficamos 18 dias com tudo fechado.” De mais de 100 casos ativos, caiu para 20, segundo ele.

*Com informações de O Popular

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