CATALÃO, 162 ANOS DE EMANCIPAÇÃO

Imagem de Catalão na década de 1940

(Por Luís Estevam)

Os moradores de Catalão convivem, o ano inteiro, com a data do aniversário da cidade. O dia 20 de Agosto é o nome da principal avenida e o evento mais importante do município.
Na época da emancipação, em 1859, a avenida 20 de Agosto não existia, sendo apenas uma estradinha tortuosa, conhecida como Rua de Baixo, por ser paralela ao córrego Pirapitinga. O atual centro da cidade tinha somente três ruas: a Rua de Cima, a Rua de Baixo e a Rua do Meio, apelidada de rua estreita.

Com o tempo, a longa Rua de Baixo foi recebendo outras denominações. O trecho inicial, à montante do córrego, era conhecido como Rua dos Democh e, pouco abaixo, como Rua das Flores.

Prosseguindo à jusante do ribeirão, um curto pedaço foi batizado de Rua do Comércio, onde imigrantes instalaram os maiores armazéns de secos e molhados. Nas imediações da praça Getúlio Vargas, a pioneira Rua Municipal recebeu, por um tempo, a denominação de Avenida Goiânia.

No término do percurso, abaixo da cadeia pública, passando de frente ao colégio Mãe de Deus, chamava -se Rua Cel Roque de Azevedo, seguindo até as imediações do bairro da Grota.
Ou seja, eram diversas vias que se conectavam pelo lado de cima do córrego.

Entretanto, em 1967, durante o mandato do prefeito Leovil Evangelista da Fonseca, a situação foi alterada. Um morador da Rua das Flores, Antonio Miguel Chaud, sugeriu que fossem unificadas as diversas vias, paralelas ao córrego, em um nome só, lembrando o aniversário da cidade. Quem acatou e passou a defender a idéia foi o vereador Carlos César Elias, irmão do atual prefeito.

Depois de muita discussão, a Câmara Municipal aprovou o projeto do vereador, extinguindo a antiga denominação das diversas ruas e batizando de Avenida 20 de Agosto o referido trajeto. Desde então, a antiga Rua de Baixo, paralelas ao ribeirão, tornou-se Avenida 20 de Agosto, em homenagem ao aniversário da cidade.

Neste ano, em 2021, Catalão completa 162 anos de emancipação. Uma cidade que ganhou fama e notoriedade em torno da cultura, da violenta ordem social e do desenvolvimento econômico.

Em termos de tradição e cultura, a Festa do Rosário eleva Catalão, a cada ano, ao mais alto patamar do folclore e da religiosidade popular. E, de modo similar, também na literatura, a cidade sempre se destacou. Tanto que, em 1910, recebeu a menção honrosa de ser a Atenas de Goiás.

A segunda característica histórica de Catalão está na violência social de sua formação. Aqui, a ordem e a segurança institucionais foram gradativamente impostas pela força. Havia a violência tradicional dos coronéis e seus jagunços, à maneira do que ocorria em todo o Brasil. Só que, em Catalão, não havia exatamente conservadores e liberais e sim partidários das carabinas papo-roxo e papo-amarelo. A luta é que definia as ideologias e não o contrário.

Como a cidade era uma terra de fronteira, de difícil acesso, surgiram diversos bandos armados, que vitimaram centenas de pessoas de forma gratuita ou encomendada.

De resto, havia uma violência cotidiana, entre a população, de uma brutalidade inimaginável. Dada a ignorância da maioria dos habitantes, ninguém levava desaforos para casa. Tempos marcantes, mas que se foram definitivamente. A terceira característica de Catalão se encontra na ânsia pelo desenvolvimento econômico. No século passado a cidade se expandiu em função da indústria de carnes e derivados, além do beneficiamento de grãos, alavancados pelo transporte ferroviário. Despontaram fábricas de artefatos de couro, manteiga, bebidas, açúcar cristal e álcool combustível. Enquanto Goiânia e Brasília não existiam, a cidade mais industrializada de Goiás era Catalão.

No último quartel do século passado, o cenário econômico se alterou com a exploração mineral. Fosfato, niobio e terras raras proporcionaram novos rendimentos e investimentos no comércio e no setor imobiliário da cidade. Jovens catalanos passaram a envergar os brilhosos uniformes das mineradoras e a paisagem social se transformou.

No entanto, o maior salto econômico foi o ingresso da indústria metal-mecânica no município. A Mitsubishi catalana, por exemplo, chegou a produzir 260 veículos por dia. Hoje, a montadora produz menos da metade, mas ainda injeta cerca de 130 milhões em salários, por ano, no município.

Ressalte-se, por fim, a importância do agronegócio na economia local. A cada ano, novas terras do cerrado são incorporadas na produção de grãos, aumentando a fatia de Catalão no universo das lavouras.

Evidente que, tudo isso foi possível graças ao incentivo e apoio de líderes políticos catalanos. Foram muitos que dedicaram suas vidas ao progresso do município.

De forma bastante resumida, não há como deixar de destacar as personalidades de João Netto de Campos que liderou democraticamente por 25 anos ininterruptos a política catalana, dos irmãos Ênio e Silvio Paschoal que se desdobraram na busca de infraestrutura para o município, de Haley Margon Vaz que se revelou um admirável benfeitor público em suas ações e de Adib Elias Júnior que, no seu quarto mandato de prefeito, continua modernizando as estruturas municipais.

Por tudo isso, parabéns Catalão, nos 162 anos de emancipação! (Luís Estevam)

(Foto: Drone Super Catalão)

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