Carro, celulares e eletrônicos são apreendidos em Uberlândia e Ituiutaba durante operação contra tráfico e lavagem de dinheiro

Quatro mandados de busca e apreensão foram cumpridos na manhã desta quarta-feira (7) nas duas cidades. Operação “Fim da Linha” é a quarta etapa de uma investigação iniciada ainda em 2021 e cumpre 403 mandados de busca e apreensão em 22 estados e no Distrito Federal

Aparelhos eletrônicos foram apreendidos na Operação “Fim da Linha” em Uberlandia — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Quatro mandados de busca e apreensão foram cumpridos na manhã desta quarta-feira (7) em Uberlândia e Ituiutaba durante a 4ª fase da operação “Fim da Linha”. A ação foi deflagrada em 22 estados brasileiros e no Distrito Federal contra uma organização criminosa investigada por lavagem de dinheiro obtido com o tráfico de drogas.

Segundo a Policia Civil, em Uberlândia, dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos. Houve apreensão de materiais eletrônicos, como pen-drives, e uma pessoa foi conduzida à delegacia para prestar esclarecimentos.

Já a Delegacia Regional de Ituiutaba cumpriu outros dois mandados de busca e apreensão. Na ação, foi recolhido um veículo, além de outros objetos.

À TV Integração, o delegado-chefe da Polícia Civil em Uberlândia, Marcos Tadeu de Brito Brandão, informou que os equipamentos serão encaminhados para a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, onde serão examinados.

Operação “Fim da Linha”

A Operação “Fim da Linha – do Oiapoque ao Chuí” é a quarta etapa de uma investigação iniciada ainda em 2021 e conta com o apoio de 1,3 mil policiais em todo o Brasil. Ao todo, são cumpridos 403 mandados de busca e apreensão. Quatro mandados de prisão preventiva também estão sendo cumpridos no Mato Grosso do Sul.

Na lista de bens que serão apreendidos estão: 187 veículos, sete embarcações e nove aeronaves, o que soma R$ 43 milhões. Quatro mandados de prisão preventiva estão sendo cumpridos no Mato Grosso do Sul. A polícia ainda averigua a situação de 42 imóveis usados pelo grupo criminoso.

A investigação envolve suspeita de lavagem de dinheiro, que seria feita por organizações criminosas relacionadas ao tráfico de drogas no Rio Grande do Sul e em outros estados, incluindo organizações com base na Região Sudeste.

Como a investigação começou

A operação “Fim da Linha” começou a partir de investigações da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Passo Fundo, no Norte do Rio Grande do Sul, ainda em 2021. O objetivo era inicialmente o de desmantelar a ação de organizações criminosas que atuavam junto ao tráfico de drogas, ao comércio de armas e ao contrabando de cigarro em diversas regiões do Rio Grande do Sul.

A primeira e a segunda fases da operação ocorreram em fevereiro de 2022, enquanto a terceira foi em julho do mesmo ano. De acordo com a Polícia Civil, nas três primeiras fases da operação, além de apreensão de dezenas de veículos e bloqueios de contas bancárias, já haviam sido feitas 65 prisões, além do cumprimento de 110 mandados de busca e apreensão, e da apreensão de 720 quilos de maconha e e de 26,8 quilos de cocaína.

Os telefones apreendidos nas três primeiras fases da operação possibilitaram que as investigações tivessem acesso a amplo conteúdo relacionado a tráfico de drogas, compra e venda de armas de fogo, contrabando de cigarro e operações bancárias.

Operação policial contra organização criminosa envolvida com o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro acontece em Porto Alegre — Foto: Eduardo Paganella/RBS TV

Lavagem de dinheiro

É justamente sobre a lavagem de dinheiro que a quarta fase da operação se concentra: contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas estariam sendo amplamente usadas para permitir a circulação de dinheiro obtido por parte das organizações criminosas. Muitas dessas contas, aliás, já estavam sendo investigadas por participarem previamente de atividades semelhantes junto a duas das maiores organizações criminosas do país.

Foi constatado ao longo das investigações que vários dos suspeitos que surgiram a partir de quebras de sigilo telefônico são moradores de outros estados, como Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Goiás e Bahia. Foi verificado pela Polícia Civil que pessoas físicas e jurídicas atuavam como “laranjas” ao lavarem dinheiro para organizações criminosas. Os suspeitos movimentavam quantias incompatíveis com seu contexto socioeconômico, no caso de pessoas físicas, ou com sua atividade-fim, no caso das jurídicas.

A partir de quebras de sigilo bancário referentes ao período entre janeiro e setembro de 2021, a Polícia Civil identificou ao todo uma movimentação de mais de R$ 293 milhões entre os investigados. Segundo dados levantados pelas autoridades policiais e obtidos pelo g1 RS, um dos suspeitos teria movimentado R$ 6 milhões em poucos meses e outro suspeito teria transferido cerca de R$ 36,5 milhões no período investigado. Em ambos os casos, as quantias são incompatíveis com as funções desempenhadas pelas pessoas físicas investigadas.

Em outros casos, a partir de quebras de sigilo bancário, a Polícia Civil descobriu pessoas jurídicas que atuavam como “empresas fantasma”, administrando grandes quantias em contas bancárias sem justificativa contábil aparente. Uma dessas empresas teria movimentado R$ 94,9 milhões em poucos meses, enquanto outra geriu mais de R$ 27,7 milhões.

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