Bolsonaro veta concursos e congela salário mínimo, sem reajuste para 2020

Guedes e Bolsonaro durante coletiva de imprensa no Planalto.

Após enviar o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do ano que vem ao Congresso, Bolsonaro transmitiu alguns recados em nome da ‘economia’ e do ‘enxugamento’ da máquina pública. Ao fazer isso, o presidente atacou os mais pobres, que em 2020, ficarão sem aumento real do salário mínimo e devem ter os salários reajustados de acordo com a inflação do período. Os militares continuam com o reajuste regular do salário e aposentadoria.

A proposta de Bolsonaro para o salário mínimo é ainda mais danosa se observarmos a mudança no modelo e seu impacto na economia. Ela prevê que apenas as perdas inflacionárias sejam adicionadas ao salário reajustado. Ou seja, o aumento virá de acordo com o aumento da inflação, e não mais como acontecia desde 2011, com o aumento baseado no cálculo do crescimento econômico do país. Famílias inteiras perderão seu poder de compra, desaquecendo o mercado de consumo e serviços, principais motores do mercado brasileiro.

A equipe econômica de Guedes não pensou em garantir o aumento real – acima da inflação -, como acontecia em governos petistas. Pelo cálculo publicado no jornal espanhol El País, até agora, o salário mínimo estaria em R$ 1.040 reais.

O reajuste do salário mínimo em 2018 foi o menor desde 1994.

O Secretário Especial da Fazenda, Walderly Rodrigues, percebendo o deslize com a nova política de salário mínimo, disse que ‘o governo tem até o fim de dezembro deste ano para apresentar qual será sua política de salário mínimo’. O secretário fez a fala durante uma coletiva de imprensa à Agência Reuters.

A equipe econômica de Bolsonaro também sabe que caso haja o congelamento dos salários, pessoas que recebem benefícios do INSS, pagos, principalmente aos pobres, idosos e pessoas com deficiência, também seguirão o salário mínimo. Ou seja, o Estado brasileiro, na pessoa de Bolsonaro e Guedes, retira a responsabilidade de cuidar dos mais pobres e contribuir para a redução da abissal desigualdade social e econômica do país, pelo contrário, eles atuam para manter este abismo entre as classes.

Os concursos públicos também sofreram um revés da equipe econômica, interessados, neste momento, em ruir o estado brasileiro enquanto instituição do povo. Na LDO de 2020, Guedes não declarou a realização de concursos ou sequer reajuste para servidores públicos federais. A exceção, de praxe, fica com os militares, assim como a reforma da previdência.

A terceirização e sucateamento dos serviços são efeitos práticos da interrupção dos concursos públicos.

No Brasil, tem sido difícil conviver com a rotina de ataque aos mais pobres e aos programas assistenciais criados por governos petistas. Não se tem mais pudor em atacar essa classe. Guedes fala em ‘digitalização’ ao anunciar que não mais serão realizados concursos em âmbito federal. Ao ministro, cabe uma paráfrase do slogan de campanha do Presidente, reverberado até em escolas do país: “Máquinas acima de todos, lucro acima de tudo”.

Escrito por:

Osmam Martins tem 22 anos, é jornalista e assessor de comunicação.

Twitter: @osmam_martins

 

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